domingo, 5 de abril de 2009

Conversando mais sobre filmes

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Gestão de Pessoas

Ficção leva a reflexão do cotidiano nas empresas

Filmes são ferramenta de treinamento


Procurando Nemo, Titanic e Náufrago são filmes que podem oferecer mais do que duas horas de diversão. Além de divertir, o cinema tem sido usado por empresas para passar mensagens e valores que cursos e manuais internos não conseguem transmitir. Liderança, desenvolvimento de equipes, profissionalismo, missão, competências e motivação são alguns temas trabalhados por gestores e consultores de Recursos Humanos (RH). Empresas como Petrobras, Unimed, Bob's, Caixa Econômica Federal, Fiat e Mc Donald's já utilizaram esse recurso.

A consultora Myrna Brandão começou a utilizar filmes em 1985, em um programa de treinamento da Petrobras e não parou mais. Autora do livro Leve seu Gerente ao Cinema e coordenadora do projeto de desenvolvimento e pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio (ABRH-RJ), Myrna diz que o grande benefício da utilização de filmes é a comparação com situações vivenciadas no dia-a-dia.

O cinema aborda situações do nosso cotidiano pessoal e de nossas vidas nas organizações. Muitos filmes são baseados em histórias reais e documentários são o retrato fiel do personagem ou da história enfocada. O cinema é também um meio de reflexão psicológica, política, sociológica, religiosa, ética, cultural. Poucos meios mostram com tanta veracidade situações vividas pelos profissionais e gerentes nas organizações resume Myrna.

Para a consultora Márcia Luz, uma das autoras do livro Lições Que a Vida Ensina e a Arte Encena e diretora da Plenitude Soluções Empresariais, além de serem uma ferramenta barata de treinamento, os filmes costumam alcançar resultados fantásticos pelo grau de interesse que provocam. "Quem não gosta de cinema? Mesmo que os funcionários já tenham visto os filmes, eles filtram e observam exatamente o que está sendo trabalhado no treinamento", opina.

As conversas antes e depois do filme são extremamente importantes, dizem as consultoras. Por este motivo, é preciso que o coordenador do grupo especifique bem quais temas serão tratados. Após a exibição, ele deve estimular a participação de todos os membros.

O pós-filme é a parte mais rica do treinamento. É o momento em que os alunos trazem para o grupo todas as suas percepções sobre o filme que assistiram. E cada espectador vê um filme de acordo com sua história de vida, padrões culturais, condicionamentos, percepções próprias etc. Assim cada um trará sua visão particular do filme. E, na troca com o grupo, essa visão será enriquecida e novos ângulos surgirão. O coordenador do grupo, por outro lado, deverá enfocar os pontos específicos que ele deseja enfatizar de acordo com o tema e o objetivo do treinamento afirma Myrna.

Márcia sugere a aplicação do Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV), técnica onde a pessoa passa por uma experiência concreta, reflete sobre a situação e abstrai ou internaliza algum significado. "O CAV foi criado para exploração de dinâmicas de grupo, mas se encaixa perfeitamente a esta ferramenta", explica a consultora.
Myrna Brandão já exibiu filmes como o documentário brasileiro Edifício Master ou o drama Doze Homens e uma Sentença. Em sua opinião, não existe nenhuma restrição quanto aos filmes. "O importante é escolher e trabalhar o filme de acordo com o tema, objetivo do treinamento, perfil dos alunos, resultados que se pretende alcançar e tempo destinado ao treinamento. Podem existir restrições quanto ao objetivo, tipo, ou assunto do treinamento que está sendo realizado. Por exemplo, alguns filmes são muito violentos ou têm cenas fortes de sexo", resume.
Márcia Luz concorda. Segundo ela, com a quantidade de opções disponíveis no mercado cinematográfico, é preciso procurar a cena que mais se adapte ao tema proposto. "Algumas vezes, uma cena específica pode ser utilizada para trabalhar determinado tema que não está diretamente ligado ao tema central do filme." (ACD)

QUE MENSAGENS PASSAM OS FILMES

Procurando Nemo (Pixar Animation Studios e Walt Disney Pictures): Trabalho em equipe. Objetivos organizacionais.Competências Pessoais.

Náufrago (Robert Zemeckis): Profissionalismo. Determinação. Responsabilidade no trabalho. Foco no resultado. Maestria Pessoal. Autosuperação

Titanic (James Cameron): Missão profissional; qualidade de vida; plano de desenvolvimento individual (cena dos músicos tocando quando o navio está afundando).

O Sucesso a Qualquer Preço (James Foley): Clima organizacional; trabalho em equipe; ética; desemprego; corrupção; luta pela sobrevivência; motivação

Edifício Master (Eduardo Coutinho): Sentido da vida; diferença entre as pessoas; complexidade do ser humano; importância da solidariedade.

Momentos Decisivos (David Anspaugh): Importância do trabalho de equipe; motivação e moral do grupo; liderança; dificuldades de aceitação e adaptação em novo contexto; resistência às mudanças; estratégias para transpor obstáculos difíceis.

Spotswood - Um Visitante Inesperad (Mark Joffe): Conflito de valores; dificuldades de adaptação às mudanças; sobrevivência da empresa análise de problemas e busca de soluções;choque de culturas; crenças; "downsizing";

Doze Homens e uma Sentença (Sidney Lumet): Comportamento de grupos; processo decisório; liderança; preconceito; estereótipos; negociação.

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